quarta-feira, 10 de abril de 2013

Nina my friend


O meu corpo tem as marcas,
que a sombra mansa não fez.
Não foi a noite nem foi o dia
que desenhou na minha tez.
Não foi uma mão talentuosa
que, me viu na pele a ideal tela,
para armada dos seus pincéis,
em mim pintar uma aguarela.
Não. E não foi desejo secreto meu
marcar diferenças.
Não foi vontade de afirmar
mais alto as minhas crenças.
Não... não foi...
Nem tão pouco os beijos voraces
que aqui e ali foram deixados
que, fizessem da minha pele pasto
deixando as marcas como rasto.
Não, nada disso... foi herança!
Herança irrefutável
que, a uns dá olhos castanhos
e a outros pesos tamanhos!...

Nina Geffroy




segunda-feira, 1 de abril de 2013

CAFÉ DO TEATRO

Em Arganil o Café do Teatro é um dos sitios mais agradável para se conversar, conviver e mesmo entrar na net de uma forma gratuita e eficiente, e foi por aqui que numa das tardes chuvosas da Páscoa parou o meu tablet e saiu desenho ......No entanto para quem desconheçe este Café está integrado no Teatro Alves Coelho um dos edíficios de época mais importantes do interior do País, acho que as autoridades por aqui devem desconhecer, já que nunca o restauraram e optaram por um edíficio novo longe do Centro e sem alma nem história...mas fica aqui a história..

UM EXEMPLO NOTÁVEL
O mais notável exemplo de Teatros do século XX no interior do País – e recorde-se que nos anos 50 o conceito de acessibilidade era bem diferente – encontramo-lo em Arganil no Cine–Teatro Alves Coelho, projeto do Arquiteto Mário Oliveira.
Inaugurado em 1954, hoje pertença da Misericórdia, constitui efetivamente um grande exemplo e um grande modelo de modernismo na arquitetura de espetáculo. A partir de uma estrutura vertical em dois corpos unidos pelo foyer e áreas de acesso, bem equipado no palco e nas zonas de bastidores e camarins, impõe-se pela volumetria, pelo rigor do estilo modernista e ainda pela cor avermelhada, que lhe dá o devido destaque na área urbana em que se insere.
Valoriza-o ainda, e não pouco os painéis  de Guilherme Filipe no interior e a escultura de Aureliano Lima na fachada principal, alegóricas das artes do espetáculo. E ainda uma lápide, onde o transmontano Miguel Torga, médico na Misericórdia de Arganil,  elogia a iniciativa de “beirões cabeçudos”…!
O Teatro Alves Coelho foi inaugurado em 5 de novembro de 1954, num espetáculo vicentino encenado por Paulo Quintela, na presença algo insólita do Embaixador do Brasil, na altura o poeta Olegário Mariano, e do dramaturgo Silva Tavares. A construção fez-se por subscrição publica de ações  da “Empresa do Teatro Alves Coelho”, com numerosas e significativas participações financeiras de arganilenses de África e do Brasil. O nome foi também sufragado pela população, que assim homenageou um compositor conterrâneo.
Alves Coelho (1882-1931), professor do ensino básico, foi sobretudo  autor talentoso e festejadíssimo da música de numerosas revistas: basta dizer que  inaugurou o Parque Mayer, no Teatro Maria Vitória , com a Revista “Lua Nova”, isto em 1 de agosto de 1922. Colaborou com Wenseslau Pinto, Raul Portela , com Eduardo Schwalbach, Luís Galhardo e outros grandes nomes da época. Em mais de 40 títulos, ficou sobretudo na memória uma célebre revista, “O 31”, que ainda hoje é evocada e que foi sucessivamente reposta em Portugal e no Brasil durante 10 anos!